O que é peeling?
Um dos recursos para melhorar a qualidade da pele são os peelings químicos, utilizando várias substâncias ativas, como ácido glicólico, retinóico, tricloroacético e o fenol, entre outros, que proporcionam a esfoliação cutânea e posterior renovação celular. Dependendo dos ácidos utilizados, eles podem penetrar em diferentes profundidades nas camadas da pele, sendo classificados como peelings superficiais, médios e profundos.
A utilização desses produtos resulta no processo de renovação celular intenso, normalizando a pigmentação da pele, atenuando cicatrizes e suavizando as rugas.
E o peeling de Fenol?
O Fenol diluído na formulação atua como agente queratolítico, rompendo as pontes de enxofre da queratina e penetrando mais profundamente, sendo biotransformado pelo fígado e excretado pelos rins. Quando aplicado à pele, o Fenol induz a uma queimadura química, que ao longo do tempo resulta no rejuvenescimento da pele. A aplicação por período de tempo maior ocasiona sua penetração na derme superior, resultando na formação de uma nova camada de colágeno estratificado. A regeneração epidérmica inicia-se 48 horas após a aplicação da formulação e se completa no intervalo de sete a 10 dias.
Devido a sua toxicidade e contra-indicações, o Fenol deve ser aplicado cuidadosamente segundo a técnica recomendada, e o paciente deve ser monitorado em ambiente hospitalar, com uma equipe médica preparada, para se obter a máxima eficácia do peeling e também minimizar os efeitos colaterais sistêmicos que ele possa causar.
A formulação utilizada no peeling pode causar hipopigmentação (perda de pigmento) cutânea permanente em alguns indivíduos, bem como levar à absorção do Fenol, resultando em arritmias cardíacas e danos renais.
Por que o peeling de Fenol pode ser arriscado, quando feito por profissional não capacitado?
O fenol é tóxico para todas as células, penetra e permeia a pele, sendo absorvido, chegando na corrente sanguínea e excretado pela urina. De 20 a 25% da quantidade absorvida é conjugada pelo fígado a ácido glucurônico e ácido sulfúrico, e depois excretada. Concentrações elevadas no sangue podem ter efeito tóxico no miocárdio, provocando taquicardia, contrações ventriculares prematuras, fibrilação atrial, fibrilação ventricular e dissociação eletromecânica. Para elevar a excreção do fenol e minimizar complicações sistêmicas, os pacientes são hidratados com fluídos endovenosos e acompanhados com monitorização cardíaca.
Complicações cutâneas possíveis do peeling de Fenol:
1) Alterações da pigmentação cutânea, que podem ocorrer devido ao processo inflamatório. A hipopigmentação pode ocorrer pela toxicidade do fenol ao melanócito, mas é rara. A perda de pigmentação da pele varia de acordo com o paciente e seu tipo de pele;
2) Ectrópio, que seria a everção da pálpebra inferior, em consequência do “repuxamento”da pele durante o processo de cicatrização pós peeling;
3) Infecções bacterianas secundárias;
4) Vermelhidão persistente da pele tratada;
5) Cicatrizes (atrofia da pele, ou até mesmo cicatrizes hipertróficas ou quelóides);
6) Aparecimento de pequenos cistos brancos, os milliuns, devido à rápida reepitelização da pele.
Conclusão:
Apesar de ser um procedimento com uma gama grande de complicações mesmo nas mãos de médicos capacitados e treinados, quando bem indicado e bem executado, o peeling de Fenol apresenta resultados fantásticos. Reforçando o fato de que é um procedimento médico, devendo ser realizado após um preparo adequado da pele do paciente, além de exames pré operatórios que o liberem a realizar o peeling de Fenol.
Portanto, nem todo paciente é candidato ao peeling de fenol. Pacientes com doenças cardíacas, ou com tendência a cicatrização hipertrófica, não devem ser submetidos à tal procedimento. E, atualmente, há diversos outros procedimentos, menos invasivos e com menos riscos, que podem atingir resultados semelhantes ao Fenol.